As situações que vou relatar abaixo são só mais uma ou duas
que acontecem toda hora e com todo mundo por aí, nada demais mesmo, mas gostaria
de compartilhar com vocês.
SITUAÇÃO #1
Semana passada fui ao cinema com a minha mãe e do nosso lado
haviam três gurias, todas adultas, para assistir ao filme. Logo nos primeiros
sustos (terror) todos da sala fizeram sons de susto, deram um ou outro gritinho
mas, as gurias da nossa fileira, além das reações normais de susto, ficaram
conversando sobre o filme.
Eu sou uma criatura muito chata (ah vá, serio?), chata
mesmo, principalmente com barulhos, isso me irrita profundamente sempre. Mas
ok, desconsiderei e continuei de olho na tela. A droga é que as três gurias
passaram a não calar mais o raio da boca, pareciam adolescentes, dando
risadinhas e falando alto. Isso ultrapassava a barreira do cochicho ou dos
barulhos aceitáveis num ambiente onde se espera silêncio.
- Gurias, por favor, conversem depois do filme... (isso, pra
mim, é educado)
- Mas a gente quase não tá falando!
- Mas estão atrapalhando...
- Vai tomar no cu!
- Até vou, mas fiquem quietas!
- NÃO VAMOS FICAR!
Nesse momento devo ter revirado os olhos até enxergar meu cérebro... |
Ok, fazer o quê? Mãe e eu trocamos de lugar, fomos 5 ou 6 fileiras mais para baixo do que estávamos, conseguindo
ver o restante do filme na paz do Senhor!
Confesso que pensei em jogar meu refri na bolsa de uma delas, que estava bem do meu lado e aberta, mas não. Paola Bracho baixou, mas desencarnou logo!
Voltando à seriedade:
SITUAÇÃO #2
Neste instante em que escrevo, estou na biblioteca da
universidade, lugar delicinha para que eu possa redigir um ou outro parágrafo
do meu TCC e... eis que chegam 2 colegas de campus no PC da minha frente, na
mesma mesa.
Elas começam seus estudos meio barulhentas, livros pesados na mesa,
diálogos sobre o trabalho, e por aí vai. Sempre me irrito nos primeiros
barulhos de qualquer pessoa, mas ao mesmo tempo, exercito minha paciência de
esperar a pessoa se dar conta que está num ambiente de silêncio e aguardo ela
ficar quieta novamente.
Não foi o que aconteceu.
Elas se empolgaram e foram
falando cada vez mais sobre o trabalho e daí me dispersei de tudo...isso sem
contar que tenho TDAH, perco a atenção com qualquer estímulo extra.
- Oi gurias! Vocês podem pedir uma sala de grupos, se quiserem.
Com 2 pessoas já é possível pegar uma sala e eles também emprestam laptops.
- Ah, obrigada!
Pedi com a mesma educação que eu acredito ter falado para as
gurias do cinema, elas me olharam e sorriram ao agradecer. Elas não foram pra
sala de grupos e continuam aqui na minha frente, sentadas e continuando o seu
trabalho, só que em silêncio! Trataram de cochichar bem baixinho e só o
necessário.
Estou falando isso pra vocês porque eu acredito muito na
educação, nos direitos e nos deveres de cada pessoa na sociedade. Sei que é
chato pedir silêncio, aliás, é chato pedir qualquer coisa para as pessoas que surta
como retaliação, geralmente a pessoa que pede é vista como chata, cricri,
irritante e qualquer outra coisa, mas, não acho que devemos aceitar tudo o que
é errado, por menor que seja, apenas para não parecer chato perante os outros.
Eu mesma já estou acostumada, sempre sou “a chata” de
qualquer grupo. Vai ver meu superego é um tanto rígido nesse sentido, mas eu
ajo assim e gosto de ser corrigida quando extrapolo em alguma atitude, então,
creio que seja inerente a mim agir assim quando julgo necessário. O resto, é vida
que segue.
Apesar de tudo, fiquei feliz de ver uma atitude diferente
das colegas de faculdade, elas poderiam tranquilamente se encher de razão e
continuar a fazer o barulho que bem entendessem, mas não! Foram educadas,
perceberam seu incômodo e se ajustaram ao meio, provavelmente não por mim, mas
por educação e empatia, coisa que aprendemos lá na infância, mas primeiras
regras da vida em sociedade. Pelo menos é isso que a gente espera que seja
ensinado às crianças, pelos seus pais, mães e cuidadores.
Que bom que passei por estas duas situações distintas, é
importante a gente se colocar em xeque de vez em quando, perguntar à si mesmo
se tal atitude deve ser mantida ou extinta e, nesse caso, para mim, manterei
minhas atitudes da mesma forma. Seguirei sendo a chata que solicita silêncio em
bibliotecas e cinemas quando necessário, pede nota fiscal nas lojas, lê
contratos e suas letrinhas miúdas, pergunta quando está em dúvida, mesmo que
pareça idiota, pede pros caras fecharem as pernas no banco do coletivo e com
toda a situação onde me sentir desrespeitada ou invadida. Mas, sempre com
educação!
Acho que era isso por hoje!
Beijos de luz!
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